Último dia de férias no Porto e a única coisa que queria fazer era ir comer um gelado à Sincelo, mas diz o Lifecooler que fecha às segundas! Mudança de planos e escrevo no Google "turismo Porto" para me dar ideias. Descubro que a Casa da Música tem um restaurante, que até tem bom ar. E pagámos 56,50 euros no total - nada má relação qualidade-preço.
O João escolheu o menu gourmet com entrada, prato e sobremesa. Começou com uma trilogia de salmão com molho de mostarda doce. O tártaro era interessante, com pickles de couve-flor ; o tataky era bom mas sem surpresas ; e o mil folhas tinha uma massa suave e alcaparras - o meu preferido dos três. O peixe tinha um bom corte.
Eu escolhi um crocante de queijo de cabra com courgette e doce de figo. É verdade que havia entradas ou petiscos mais interessantes e fora do vulgar - mas eram mais caros. Para mim, o toque da courgette, mais do que o doce de figo, foi o que fez o prato destacar-se. A massa era fina e estaladiça (sem ser filo), o agrião estava bem temperado, o queijo aveludado. A courgette ali no meio: invulgar.
Lombo de novilho com caviar de beringela, flan de polenta e foie gras com espinafres salteados e molho de vinho tinto. Carne tenrinha. Não sei bem de onde veio o termo "caviar" mas a pasta de beringela complementava muito bem o prato, e o foie gras combinava na perfeição com a polenta.
O meu prato era muito bom mas a letra causou desilusão. Afinal, eu escolhi atum em crosta de pistáchio e gergelim, chutney de tomate e raiz de lotus... E não senti pistáchio em lado nenhum. Aliás, duvidei até ao fim que o atum tivesse sequer vislumbrado pistáchio, pensando até que talvez o chef não tivesse encontrado no mercado e se tivesse ficado pelo sésamo. Mas esclareceu a menina, como se gosta de dizer aqui no Porto, que era pó de pistáchio misturado com o "guerguelim" (sim, fiz um esforço para a não corrigir). Não duvido que lá estivesse, mas convenhamos que o sésamo tem um sabor intenso e que deveriam então ter colocado mais pistáchio e menos sésamo para eu conseguir saborear o fruto seco, que era o que lhe dava o toque invulgar... Mas avante! Dois espargos bem cozinhados, raiz de lotus estaladiça e polvilhada levemente com açúcar em pó e um chutney bom mas um pouco doce demais, acabando por se tornar enjoativo. Atum cozinhado na perfeição, se bem que o corte podia ser um bocadito de nada melhor.
Suspiro de chocolate com ganache de avelã e ameixa glaceada, gelado de maracujá e coulis de beterraba. Adoro suspiros e fui-me a eles até porque o João não gosta da textura, que o faz lembrar esferovite. Ganache deliciosa, ameixa firme... Muito bom.
Depois de uma breve indecisão, em que descartei o crepe de pistáchio com receio de seguir a tendência do atum, escolhi o crumble de morangos e pêra com gelado de especiarias - a grande surpresa do almoço. Açafrão, caril, canela... Um sabor forte que me deliciou até ao final e até me fez esquecer que não provei pistáchios.
Serviço simpático, competente, não-chato e saio do Porto com vontade de voltar.
ja la fui e adorei os pratos preparados pelo chefe Artur Gomes .
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